Memória e justiça e memória e
justiça e…
Pode haver alterações de
comportamento, a reeducação e a reabilitação são possíveis, quando são dadas
como sinceras, mas há um preço a pagar pelo passado. O fascista não passa a
democrata por amadurecimento desenvolvimentista, a ideologia é um amplexo
factor marcante da identidade da pessoa, questionar a identidade própria são necessários
instrumentos muito refinados, dor e sofrimento. Ilusionismos e milagres são
produções magicas. Não ouvi e não vi, nem ouvi ou vi quem ouvisse
reconhecimento da culpa e responsabilidade.
Para falar do que há muito é
passado, se um governo/sistema invade um país há consequências ( Hitler), se um
pais invade um território o domina e traz ao longo dos seculos, nenhumas
consequências há, mesmo que morais (Colonialismo).Se um pais invade outro e este
o pode equivaler em instrumentos de guerra e factores de dano, o invasor pode
ser castigado. Se um mentor ou governo trata mal o seu próprio povo podem ou
não existir consequências, Franco e seguidores passearam-se pela sua vida e
passeam-se ainda hoje impunes, sem apenas consequências. Salazar e seguidores igualmente.
O mesmo não aconteceu com Mussolini. A sorte é alheia à justiça, não é porque
não se pune o comportamento moral e materialmente danoso que a justiça legal ou
moral sancia. O fascismo em Portugal não foi sancionado e os fascistas também
não. Politicos, militares, Policia politica, e cidadãos fascistas não foram sancionados,
o que equivaleu a um branqueamento normalizador dos actos e actores fascistas.
Se a complacência tem as costas
largas então acabem-se as prisões e dê-se tempo às pessoas para se regenerarem.
Porque se há-de esperar isso de uns cidadãos mais que de outros?
Por mais que se goste de uma
pessoa, o querer gostar não apaga o passado da pessoa. Se por uns é enaltecida
a coerência de um comportamento, então, ou houve uma mudança semântica da
palavra, de que se não deu conta, ou a incoerência é a coerência desse
comportamento. De fascista a democrata, não existe uma ruptura epsistemologica
semântica, nem existem fenómenos de contágios dérmicos, está demonstrado que
não resultam, muito menos ideologicamente.
Enterre-se o homem, as sua
praticas (reactivação do Campo de
concentração do Tarrafal) e o seu pensamento. Que reste aquele, algum, que
possa ter iluminado o pensamento são e equilibrador, justo e democrático, em
100 anos é sempre possível poder produzir algo que se lhe assemelhe. Mas
passado é presente e a memória é a salvaguarda da espécie, não a atraiçoem.
Porque ainda existem o seus guardiães.
JO58
actualizar com bibliografia:
https://www.marxists.org/portugues/santos/2009/05/90.htm
https://www.esquerda.net/artigo/honoris-causa-adriano-moreira-em-cabo-verde-%C3%A9-um-insulto
Isabel Moreira, não escolhemos os pais que queremos... mas ainda bem que se rompeu o cordão umbilicomental... as condolências.